A educação dinâmica para a nova sociedade

Falando um pouco sobre educação

Maria Emília Brolesi

“A educação deverá assumir a natureza dinâmica da nossa sociedade, deverá remover o medo pela aventura criativa, deverá repelir as posições rígidas e estáticas, fechadas e conservadoras e deverá ser centrada no aluno. Os indivíduos deverão ser estimulados para que desenvolvam suas próprias potencialidades, num clima de liberdade, autor realização e consciência social”. (Fundamentos da Educação, de Gilberto Cotrim e Mário Parisi. Edição Saraiva, 1983, pág. 323.).

            Bem aqui se inicia uma pequena reflexão sobre alguns tópicos desse parágrafo tão significativo para nossa educação. Comecemos:

            “A educação deverá assumir a natureza dinâmica da nossa sociedade.” – nossa sociedade passa por transformações todos os dias, mas nesse caso, em especifico, a família, parece estar perdendo um pouco de sua estrutura original, do tipo pai, mãe e filhos. Hoje há pais separados, brigas constante, rodízio de pai e de mãe, conflitos, pais que trabalham fora para o sustento da família, mãe sozinha, pai sozinho, famílias homogêneas, avós participando da criação dos netos, e a criança se vê frente a esses aspectos, que os adultos pensam que não a afetam, mas que as afetam sim, e muito, no comportamento dela tanto em casa quanto no ambiente social, no caso, a escola. Os professores percebem nitidamente o que isso significa e o que isso provoca em uma sala de aula, onde a maioria passa por tais problemas. Aí, o que se resolve fazer? Aumentar a carga horária da criança na escola, porque ela não está aprendendo o que deveria? Os pais precisam trabalhar e não tem onde deixar os filhos? É claro que isso não resolveria um problema que é interno, de cada um. A criança não aprende porque ela está preocupada com sua família, o que acontecerá se um deles sair de casa e assim por diante. Como a educação pode assumir uma responsabilidade dessa? Como a escola vai sanar essas lacunas que ficam na cabeça das crianças, sendo que a educação é feita por pais, alunos e professores? A educação sozinha não faz milagres se não tiver alguém para comandar e, nesse caso, são os pais em casa e os professores na escola.

            “A educação deverá remover o medo pela aventura criativa.” – como a educação pode tornar alguém criativo sendo que o livro didático já traz tudo pronto para o professor trabalhar? Como tornar alguém criativo se não só as crianças mas os adultos também passam horas no celular, vendo redes sociais, jogando, vendo a vida alheia ou mesmo fazendo algo de útil na internet pode tornar alguém criativo? A sociedade atual acaba ensinando a não ser criativo pelo modelo que a sociedade passa para nós, seja através da mídia televisiva, por exemplo, em seus programas a copiar e a ver uma realidade que não existe? Onde está o progresso social, se a criança já é estimulada desde pequena a ficar na frente da televisão vendo novelas, filmes, desenhos violentos e programas de reality show que ensina a ser famoso por uma bela aparência ou pelos seus 15 segundos de fama? As novelas atualmente, não mostram pessoas trabalhando duro para conseguir o que querem e sim “pegar”, “passar a perna” em alguém que conseguiu com seu esforço, chegar onde chegou. Além de atitudes de violência, troca de casais e por ai se vai. O que se fazer então para tornar as pessoas mais criativas, concorrendo com os valores atuais? Como fazer para tirar crianças e adolescentes e até mesmo os adultos a saírem da frente do celular e tornar criativo? Deixar o celular de lado para estudar e fazer suas lições de casa, por exemplo? Conversar? Sair de seu mundo solitário e se tornar presente? Taí. Algumas perguntas desafiadoras da atualidade para serem pensadas e se possível, obtermos respostas.

            “A educação deverá repelir as posições rígidas, estáticas, fechadas e conservadoras”. – Isso vemos claramente na nossa política quando pessoas semianalfabetas se elegem para ocupar cargos de importância nacional, tratando de assuntos tão importantes para o desenvolvimento do país quanto para nossa vida, pois uma má administração implica na melhoria ou não da vida de cada cidadão, enquanto outros, com todo seu estudo e educação, não chegam nem a passar em concurso público ou vestibular e compram uma vaga. Quando iriamos imaginar que veríamos e presidentes da república serem presos? E tantas falcatruas feitas com dinheiro público que poderiam ajudar milhões de pessoas? É a “famosa” liberdade, a liberdade de escolha de cada um. Já estamos vendo o conservadorismo sendo posta à prova através dos movimentos para a libertação das minorias. Como fica a cabeça de uma criança frente a esses assuntos? Como explicar para uma criança que as pessoas tem o direito de escolher quem ou o que elas querem fazer? Isso é um assunto para ser tratado em casa, de acordo com os preceitos e valores morais de cada família, no que se acredita e na opção de cada um. É a família que de decidir quando e como falar com seu filho. É a liberdade, agora de expressão, que se faz presente em nossos hábitos.

            “A educação deve ser centrada no aluno.” – toda e qualquer ação feita dentro da escola atualmente é focada no aluno e centrada para o bem do aluno, em alguns casos, até demais tornando-se assistencialista. Por exemplo: uniforme que é entregue para o aluno com camisetas, calças, meias e tênis, mas que a criança vai pra escola sem o uniforme ou se nega a usar porque não gosta, ou porque a mãe lavou e não secou, perdeu porque não colocou o nome, esqueceu em casa ou na escola, que causa aquele amontoado de uniformes que daria para fazer um bazar e que ninguém se lembra de procurar, material escolar, que o aluno também não traz pra escola quando o professor pede, ou perde ou deixa em casa porque é muito pesado, almoço ou jantar ou alguma alimentação que muitas das vezes é desperdiçada pela criança, jogada fora, descartada porque a criança não gosta daquele cardápio, ou porque foi colocado muito no prato, material como livros de apoio e livro didático, aulas de reforço, recuperação, sala de informática, bibliotecas, apoio pedagógico, atendimento de saúde bucal dentre outros. Será que está falando alguma coisa? Ah, sim o conteúdo a ser desenvolvido que deveria ser estudado na escola acaba por ser esquecido, pois antes a escola era formadora de opinião, formadora de alunos pensantes e criativos, tornando-se assistencialista. E ainda, os professores deixam de ser professores para serem médicos, dentistas, psicólogos, assistente social, mãe, avó, tia, tudo... menos ensinar os mínimos conteúdos propostos a serem dados. Porque são tantos problemas em uma sala de aula que fica difícil não se envolver para promover o bem estar do aluno. Ah, e se ele ainda não aprendeu é porque você falhou ou não preparou uma boa aula. Isso não é um desabafo, mas uma realidade que acontece em todas as escolas do nosso país, e sem contar ainda, os casos de violência para com o professor e com os alunos dentro e fora da escola como vimos recentemente, no caso de Suzano. A que ponto chegamos! O que isso ocasiona?  Traumas. Tanto para o professor quanto para os alunos envolvidos e isso faz com que um grande números de professores fiquem afastados em licenças médicas, sendo readaptados na sua função de mestre, para ficar trabalhando na secretaria da escola ou atendendo o balcão ou o telefone. Será que não está se centrando demais no aluno e se esquecendo do professor? Será que se esqueceram que sem professor não há escola? O aluno não aprende? Será que o professor não está assumindo funções demais na escola?

            “A consciência social, a auto realização e o desenvolvimento de suas potencialidades.” – virá quando a família desse aluno voltar a ter participação, envolvimento na educação de seu filho, não colocando-o na escola e esquecendo-se de suas responsabilidades. A escola não faz nada sozinha e, se o aluno não for estimulado em casa para querer ser alguém na vida, estudar, fazer suas lições de casa, ser curioso e fazer além do que o professor pede, a escola poderá ficar com ele 24 horas do dia que nada de relevante acontecerá, além de ficarem estressados e desmotivados. Pensando bem, vai sim: os pais ficarão tranquilos enquanto os filhos estão na escola com alguém tomando conta deles! A escola tem o papel de ser formadora, mas quem decide isso também são os pais, responsáveis pelos seus filhos e que podem auxiliar os professores exercendo em casa o papel que lhes cabe: educador e modelo para seus filhos. O que eu quero para mim, pode não ser o que o outro quer para si. Daí, entra-se num conflito entre valores e a educação, família e escola acabam ficando do jeito que estão. Todos tem potencial para realizar grandes feitos, mas é preciso ter estímulo, estabelecer metas, disciplina para saber onde se quer chegar e como se quer chegar lá, na realização e na satisfação de ter conseguido conquistar suas metas e realizar seus desejos!

            Para aqueles que tem na veia a missão de ser professor, várias vezes há o desânimo, a frustração, a vontade de largar tudo! Mas também, tem sempre aquele pai, aquele aluno que te impulsiona a levantar todos os dias e ir para escola dar o melhor de si   porque sua consciência e seus compromissos o ajuda a seguir adiante, a dar o melhor de si e a tornar a vida das crianças um pouco melhor. Essa é a verdadeira missão de ser professor.

            Puxa, quem diria que em apenas um parágrafo poderia ter toda a História da Educação Brasileira, os caminhos e os rumos que ela tomou e está tomando! Isso é apenas uma reflexão sobre alguns pontos da nossa realidade que, muitas vezes, não são conhecidas pelas próprias pessoas que fazem a educação!

            Espero que esse artigo possa servir para pessoas refletirem sobre o assunto. Se alguém estiver contra ou não gostou, não fique bravo comigo, apenas utilizei a minha liberdade de expressão e qualquer pessoa tem o direito de discordar ou não. Apenas pense a respeito.

Colaborou: Maria Emília Brolesi 

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